24 abril 2007

Ambiguidades de café …

.
Ambiguidades tardias
Como pedaços de chuva grossa, num fim de tarde de Verão,
Afastam o estio nauseante, da pele
Fustigada num sonho de Outono, em memórias furtivas…

Caminhantes estranhos de mundos estranhos, ausentes de si
Estranham-se e entranham-se nessa pele…

Ambiguidades de café…

Diáfanas mãos entrançadas… gestos e olhares cruzados numa chávena quente
Que pretende afastar… O Verão?

Esse sol tardio que teima em queimar
Em raios radioactivos de sangue, nas velas dos mortos citadinos de olhar cheio,
De um nada rico e vivo...

Ambiguidades de mãos cheias, de mãos dadas, em ruas transversas…
Ambiguidades seculares
Genetizadas na memória colectiva de um tempo sem paralelo…

– Queres mais um café? Perguntas-me com o ar de quem mais não tem para dizer…
Levanto-me e saio sem responder, para a chuva quente de Verão, e
Banho-me com prazer saudoso…

Ambiguidades nos nossos nomes, anónimos
Ao mundo que nos pariu...
Ambiguidades de sermos alheios e vazios do redor de nós…
Ambíguos…
.