Sinto-me hoje como ontem.
Vejo os dias a passar-me através da janela deste quarto.
Vejo os dias a passar-me através da janela deste quarto.
Deste quarto aparentemente efémero, onde tudo é branco,
Onde tudo é branco numa vibração intermitente, aparentemente contínua.
Todo o tempo é circular e circula, lá fora, fora das janelas deste quarto
Onde as árvores nuas me sorriem, livres.
Onde as árvores nuas me sorriem, livres.
O tempo parece circular, mas aqui, onde tudo é aparentemente branco, o tempo
Circula dentro de si mesmo, o tempo é uma pescadinha-de-rabo-na-boca,
Circula dentro de si mesmo, o tempo é uma pescadinha-de-rabo-na-boca,
E não sai do mesmo sítio, onde tudo, aparentemente, parece não acontecer...
Viajo, viajo dentro deste quarto para todos os mundos e tempos,
Para todos os momentos e ausências, para todas as alegrias e tristezas.
Viajo, viajo dentro deste quarto para todos os mundos e tempos,
Para todos os momentos e ausências, para todas as alegrias e tristezas.
E por vezes choro, e sinto que sou livre, mesmo aqui,
Neste quarto, branco, intermitente, onde não me posso mexer,
Sei que sou livre...
Neste quarto, branco, intermitente, onde não me posso mexer,
Sei que sou livre...
Viajo e voo com as aves e migro,
Lá para onde o sol ainda é quente e o vento frio ainda não chegou.
Lá para onde o sol ainda é quente e o vento frio ainda não chegou.
Mas o meu corpo tem sede desse vento frio
De sentir esse frio que toda a gente diz sentir, para se poder agasalhar e ter prazer
Em se agasalhar e ter prazer em estar quente, porque lá fora,
Está esse vento frio, que as árvores nuas abraçam, serenas, sorrindo, ao sol.
De sentir esse frio que toda a gente diz sentir, para se poder agasalhar e ter prazer
Em se agasalhar e ter prazer em estar quente, porque lá fora,
Está esse vento frio, que as árvores nuas abraçam, serenas, sorrindo, ao sol.
O vento frio lembra-nos o calor do Verão e faz-nos ansiar por ele... e
De olhos fechados eu anseio...
Sinto-o, o calor, na minha pele, nua, e viajo,
De olhos fechados eu anseio...
Sinto-o, o calor, na minha pele, nua, e viajo,
De olhos fechados, viajo dentro deste quarto, por todas as paisagens do mundo,
Corro, rio e sou livre, sinto o vento na minha pele e canto, danço, e sou livre, o sol,
Na minha pele... nua, como um rio, que viaja, solto, pulsando de vida, correndo o mundo...
Corro, rio e sou livre, sinto o vento na minha pele e canto, danço, e sou livre, o sol,
Na minha pele... nua, como um rio, que viaja, solto, pulsando de vida, correndo o mundo...
Livre... dentro deste quarto...