12 setembro 2006

Nigredo


Qual o propósito do caminho senão atingir a verdadeira Vontade?

Decompomo-nos vãos, ensejando alcançar a misericórdia dos deuses
E mais não fazemos que olvidar a essência que deixámos espalhada
Na infância da memória e no lento desabrochar de passos para um vazio de alma…
Infecundos, invocamos tormentas e açoitamos a pele dos corpos alugados, a um ego inominado, num medíocre torpor de quotidiana insanidade, como se possível fosse
Emprenharmos da sapiente lucidez da Vontade,
Apenas pelo gesto mesquinho do desejo… e mais não atingimos que
Um vão querer, caprichoso e mundano, onde exultados, exortamos
Impropérios vazios, aos transeuntes que cruzam os nossos dias,
Como portentos detentores da verdade.
Por companheiros, temos o Sol e a Lua, alheios ao nosso querer
Mas invictos na sua presença… e caminhamos.
Caminhamos sós, como sós podem ser os passos
Anónimos, decalcados numa qualquer calçada do caminho.
Descalços, vestidos de máscaras, despidos do sangue da ancestralidade
Caminhamos, cegos.
E assim cegos passamos pela Luz das Estrelas…
As guardiãs desse inevitável segredo: A compaixão atrai o desprezo
E só a Essência atrai a Vontade.


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