Há muito que as palavras são como os frutos proibidos
Da tua boca ousarei colhê-las
E em pequenas sílabas, saboreá-las
Como um dia Adão...
As palavras
São o pecado original que ainda não cometemos...
Entranhas estranhas do pensamento
Que as mãos da razão revolvem e volvem e sorvem
Com sabor de raiva na boca… Tudo é solidão
E a dor que desprezo, renego e enterro
Com gestos de amor, é um clamor, um louvor
Nos teus lábios de sangue.
No teu corpo, um grito mudo… Eterno, esse
Desejo que beijo na espuma salgada da tua pele.
É o tudo e o nada, extintos
No vento que brame, nos olhos exangues
Nas asas de um corvo, que mordo
Que morro.